Crédito habitação: juros sobem pela 1ª vez em 2022 para 0,805% Valor médio das prestações da casa fixaram-se nos 257 euros em abril, refletindo uma subida de 2 euros face a março, mostra o INE. 23 mai 2022 min de leitura O universo do crédito habitação está instável, muito devido à inflação e à subida da taxa de juro diretora pelo BCE já anunciada para julho. Tudo isto tem mexido com os mercados monetários e financeiros e já a fazer subir as taxas Euribor para todos os prazos, um cenário que acaba por agravar a prestação da casa, tanto nos empréstimos novos como nos existentes. E a verdade é as atualizações já deverão estar a refletir-se: os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatístia (INE) mostram que taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito habitação subiu para 0,805% em abril, um valor superior em 1,1 pontos base (p.b.) face ao registado em março. Esta foi a primeira vez em 2022 que a taxa de juro registou um crescimento. Os dados estão lançados e no final do jogo quem sai a perder são as famílias portuguesas que contrataram o crédito habitação de taxa variável. Isto porque, mais tarde ou mais cedo, vão sentir um aumento da prestação da casa decorrente das flutuações em alta das taxas Euribor – a com prazo a 12 meses já está mesmo positiva. Mas porque é que isto está a acontecer? É uma reação dos mercados monetários à já anunciada subida da taxa de juros diretora pelo BCE, uma medida macroprudencial que será tomada, ao que tudo indica, em julho para por um travão à inflação na Zona Euro, que está a agravar-se com a guerra na Ucrânia e atingiu os 7,4% em abril. A subida dos juros em cima da mesa é de 0,25 pontos percentuais, mas poderá ser superior se a inflação se agravar, segundo disse um membro do BCE. Foto de Mikhail Nilov en Pexels Quanto estão a subir os juros no crédito habitação? O que os dados do INE sugerem é que este aumento dos juros já se está a fazer sentir no conjunto dos contratos de crédito habitação. Isto porque a taxa de juro implícita deu o salto de 1,1 pontos base em abril face a março, alcançando os 0,805%. “Nos contratos celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro subiu de 0,831% em março para 0,857% em abril”, lê-se no boletim publicado esta sexta-feira, dia 20 de maio de 2022. “Para o destino de financiamento aquisição de habitação, o mais relevante no conjunto do crédito à habitação, a taxa de juro implícita para o total dos contratos subiu para 0,820% (+1,1 p.b. face a março). Nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, a taxa de juro subiu 2,6 p.b. face ao mês anterior, fixando-se em 0,852%”, refere ainda o gabinete de estatística português. Prestação da casa sobe 2 euros em abril Olhando para a totalidade dos contratos de crédito habitação, também salta à vista que esta subida da taxa de juro está a refletir-se nas prestações da casa, já que o valor médio da prestação subiu 2 euros entre março e abril, fixando-se nos 257 euros no mês passado. “Deste valor, 41 euros (16%) correspondem a pagamento de juros e 216 euros (84%) a capital amortizado", refere o INE. Foi a primeira vez em seis meses que o montante pago em juros aumentou - de 40 euros para 41 euros. "Nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, o valor médio da prestação subiu 12 euros, para 387 euros”, dizem ainda. No que diz respeito ao capital em dívida, os dados indicam que este está a subir ainda mais. De acordo com os dados, o capital médio em dívida para a totalidade dos contratos subiu 519 euros em abril face ao mês anterior, fixando-se em 59.242 euros. “Para os contratos celebrados nos últimos três meses, o montante médio do capital em dívida foi 125.411 euros, mais 1.882 euros que em março”, conclui ainda o INE. Partilhar artigo FacebookXPinterestWhatsAppCopiar link Link copiado